domingo, 7 de agosto de 2011

Os Ídolos e a Sociedade

Depois de assistir ao filme de Ayrton Senna duas vezes, compreender um pouco mais sobre sua grande história, não tenho como me lançar à rotina que havia programado para hoje sem olhá-la a partir de uma nova perspectiva, a perspectiva dos heróis.

A história e a morte de Senna não só comoveram a mim que tinha 5 anos de idade em 1994, como todo o Brasil. Nem conhecia o mundo direito, Fórmula 1 para mim, naquele tempo, deveria significar algo muito simples como corrida de carros em busca de vitórias, mas não mais do que isso. O estranho era que Ayrton Senna não significava para mim um simples piloto, significava um grande homem, corajoso por não ter medo de correr, exemplo por sua determinação, todos falavam dele, era o ídolo do Brasil, também meu ídolo.

É incrível lembrar sua morte, reviver através de um filme aquilo que está arquivado em minha consciência, o oculto vem à tona, a lembrança, a sensação, o choro, um grande homem partiu e deixou uma grande marca dentro de mim e dentro da história do Brasil.

Eu sou um pouco dele hoje, porque eu sou um conjunto de premissas históricas que concluem a minha pessoa, o Brasil também é formado desta forma, conseqüentemente, todas as pessoas que aqui vivem constituíram suas personalidades desta maneira, e a pergunta que fica é: quais são os ídolos da sociedade contemporânea?

Que morte pararia todo o Brasil como a dele? Quem conseguiria fazer um país inteiro fazer um minuto de silêncio no momento de seu enterro? Incrível escutar minha mãe falando que no momento do velório de Senna foi solicitado para toda a nação brasileira parar e silenciar! Que homem foi este? O que ele tinha de especial? O que ele fez de extraordinário?

Talvez, ao olhar sem muita precisão, sem muitas análises, poderíamos dizer que ele corria, simplesmente corria, queria vencer, mas porque vencer? Por causa do dinheiro? Por causa da fama? Por causa do patriotismo? Por que correr Senna?

Porque a vida para ele era correr, tudo se resumia a uma pista de corrida, e quando descobriu que milhares de brasileiros corriam com ele, viu que correr não era somente vencer, era dar alegria para um povo que sofria com a miséria instalada no Brasil (1993).

Ayrton era a alegria do povo, era o homem que ia ao âmago do ser e o retirava da situação de desespero trazendo-o para uma realidade de esperança, de possibilidades. Senna era símbolo de vitória num contexto sem esperança, como é retratado no filme, com humildade e fé, é possível vencer, quebrar limites, ser um super herói.

O vazio que nossa sociedade tem vivido sem dúvidas pode ser explicado partindo do ponto de vista do ser humano enquanto ser histórico. A falta de conhecimento histórico, de contextualização no mundo, causa um ser sem bases, que não consegue se conhecer, conhecer o mundo que o rodeia e reconhecer e desmascaras as ideologias que hoje são propostas.

Enquanto muitos vivem num contexto frívolo, mínimo, escutando músicas de baixo nível intelectual, pautando suas vidas em modismos, eu prefiro abraçar os livros de história, filosofia, poesia, e remoer a minha alma em dores pela decadência desta sociedade atual, que não se agarra em sua história, mas se agarra em programas de televisões absurdos, que possuem como um de seus grandes objetivos, matar os Ídolos que potencializarão o lado humano do homem, colocando pornografia, ideologias, telenovelas, filmes, que nada acrescentam ao mundo, em seu lugar.

E você o que tem feito, sua vida tem sido pautada em que história? Não se deixe conduzir por fenômenos passageiros, busque compreender e entender o ser humano a partir de sua historicidade, pois é nesta, que se esconde o segredo da vida humana!

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Muito bem redigido, Noob.

    De fato não há mais ídolos no Brasil. Embora poucos, eles existiram: o próprio Senna, Getúlio Vargas e talvez mais um nome ou dois, marcaram a história do Brasil e de cada brasileiro. Ajudaram a construir a história desse povo, como tu mesmo falaste.

    Hoje, e falo isso sob a perspectiva de quem estuda a mídia de massa e a comunicação em si, não há mais caminhos pra que se erga uma pessoa como eles. Pra ser "celebridade" existe uma série de cláusulas a se respeitar e o Marketing pessoal, a prospecção de carreira, os agentes, assessores e o dinheiro que rola por trás de um mundo que podemos chamar de fachada, são astronômicos demais para que qualquer um se torne um deles.

    Eu ainda busco um filete de esperança, uma exceção à regra que vigora: Não existe nada, nem ninguém, que não seja projetado e criado para "dar certo".
    Todos os dias, as notícias que veiculam no jornal são estrategicamente publicadas para que se fale e comente sobre elas (procurem sobre Agenda Setting ou Agendamento, isso não é sensacionalismo). Artistas e jogadores de futebol são super-valorizados por grandes emissoras de TV e por isso permanecem em alta. Saber de suas vidas vale muito mais do que saber quem realmente são.

    Enfim, pequena contribuição, gostaria de colocar mais referências mas ficaria chato. Parabéns, cara. Continua escrevendo.
    Duda.

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  3. Realmente, Felipe, o brasileiro é um povo que busca ídolos, super heróis. Creio que seja uma forma de aliviar os problemas e trazer esperanças.
    Bom seria que todos conseguissem se compreender como autores e atores da própria história, pois, afinal, como dizia Paulo Freire, somos seres inacabados e cientes de nosso inacabamento.
    No mais, não vi o filme ainda, mas fiquei curiosa... Valeu pela dica. bjo

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