domingo, 21 de agosto de 2011

Breve Reflexão:


A vida é bela! Para quem?

A vida é bela para o brasileiro ignorante, esse que não consegue ver mais do que o seu olhar alcança. O brasileiro ignorante, ou seja, a maior parte do Brasil, não se da conta de onde vive, como vive e o porquê vive desta maneira. Talvez poderíamos aqui dizer, sem medo, que o brasileiro não vive mas existe, simplesmente existe.

Existe porque é conivente com a situação de exploração que o sistema capitalista mercantil nos oferece e o pior de tudo, é que não consegue ver e perceber este movimento.

Eu também não percebia ou via com clareza, posso dizer que vejo um pouco melhor, menos embasado, pois quando me deparei com uma grande palestrante e um grande autor, que aqui prefiro preservar os seus nomes, a luz melhor se fez sobre o meu entendimento.

Acredito que para qualquer entendedor que possua um conhecimento curto, sobre alguma teoria, perceba por quem eu escrevo e a partir de quem.

Não sei até quando agüentaremos viver num mundo de hipocrisia, são muitos os antagonismos presentes em nosso contexto atual, os burgueses continuam a dominar as classes de bases e o sistema capitalista continua injetando doses de sonífero na veia de nossa sociedade. O consumismo só cresce, sem nenhuma justificativa humana, não existe lógica neste modelo de sobrevivência que nos é imposto.

A vida é bela para quem tem dinheiro, a vida é bela para quem não é explorado, a vida é bela para quem pode ir e vir livremente. Num mundo onde todo dia se renova a forma de consumo, marcas, modelos, estilos, tudo isso alicerçado na moda (invenção humana e efêmera) não temos como pensar em viver fora do capitalismo, pois é somente através dele que conseguimos viver uma vida existente. Não vivemos a vida, mas existimos dentro dela.

Vivemos uma ilusão de vida, ilusão de grandeza, ilusão de sucesso, ilusão! Para quem nasceu pobre se tornar rico só existe uma maneira, a exploração, novamente repetimos o sistema, agora para nos satisfazer, exploramos os outros.

Qual é o seu maior sonho? Ser feliz, ter uma vida boa onde consiga pagar as contas, ter um dinheirinho no banco e uma casa própria.

Como vou conseguir isso? Dentro do sistema capitalista atual, ou seja, sendo explorado ou explorando.

Como mudar esta lógica? Pensando um novo modelo de sociedade e buscando efetivá-la, talvez um capitalismo que não busque o lucro, mas a livre troca com valores justos, sem margens de lucros exorbitantes, que valorize a subjetividade humana, que valorize a autonomia do outro, sua forma de ser e pensar.

Querida sociedade brasileira, precisamos de um novo estado!



domingo, 7 de agosto de 2011

Os Ídolos e a Sociedade

Depois de assistir ao filme de Ayrton Senna duas vezes, compreender um pouco mais sobre sua grande história, não tenho como me lançar à rotina que havia programado para hoje sem olhá-la a partir de uma nova perspectiva, a perspectiva dos heróis.

A história e a morte de Senna não só comoveram a mim que tinha 5 anos de idade em 1994, como todo o Brasil. Nem conhecia o mundo direito, Fórmula 1 para mim, naquele tempo, deveria significar algo muito simples como corrida de carros em busca de vitórias, mas não mais do que isso. O estranho era que Ayrton Senna não significava para mim um simples piloto, significava um grande homem, corajoso por não ter medo de correr, exemplo por sua determinação, todos falavam dele, era o ídolo do Brasil, também meu ídolo.

É incrível lembrar sua morte, reviver através de um filme aquilo que está arquivado em minha consciência, o oculto vem à tona, a lembrança, a sensação, o choro, um grande homem partiu e deixou uma grande marca dentro de mim e dentro da história do Brasil.

Eu sou um pouco dele hoje, porque eu sou um conjunto de premissas históricas que concluem a minha pessoa, o Brasil também é formado desta forma, conseqüentemente, todas as pessoas que aqui vivem constituíram suas personalidades desta maneira, e a pergunta que fica é: quais são os ídolos da sociedade contemporânea?

Que morte pararia todo o Brasil como a dele? Quem conseguiria fazer um país inteiro fazer um minuto de silêncio no momento de seu enterro? Incrível escutar minha mãe falando que no momento do velório de Senna foi solicitado para toda a nação brasileira parar e silenciar! Que homem foi este? O que ele tinha de especial? O que ele fez de extraordinário?

Talvez, ao olhar sem muita precisão, sem muitas análises, poderíamos dizer que ele corria, simplesmente corria, queria vencer, mas porque vencer? Por causa do dinheiro? Por causa da fama? Por causa do patriotismo? Por que correr Senna?

Porque a vida para ele era correr, tudo se resumia a uma pista de corrida, e quando descobriu que milhares de brasileiros corriam com ele, viu que correr não era somente vencer, era dar alegria para um povo que sofria com a miséria instalada no Brasil (1993).

Ayrton era a alegria do povo, era o homem que ia ao âmago do ser e o retirava da situação de desespero trazendo-o para uma realidade de esperança, de possibilidades. Senna era símbolo de vitória num contexto sem esperança, como é retratado no filme, com humildade e fé, é possível vencer, quebrar limites, ser um super herói.

O vazio que nossa sociedade tem vivido sem dúvidas pode ser explicado partindo do ponto de vista do ser humano enquanto ser histórico. A falta de conhecimento histórico, de contextualização no mundo, causa um ser sem bases, que não consegue se conhecer, conhecer o mundo que o rodeia e reconhecer e desmascaras as ideologias que hoje são propostas.

Enquanto muitos vivem num contexto frívolo, mínimo, escutando músicas de baixo nível intelectual, pautando suas vidas em modismos, eu prefiro abraçar os livros de história, filosofia, poesia, e remoer a minha alma em dores pela decadência desta sociedade atual, que não se agarra em sua história, mas se agarra em programas de televisões absurdos, que possuem como um de seus grandes objetivos, matar os Ídolos que potencializarão o lado humano do homem, colocando pornografia, ideologias, telenovelas, filmes, que nada acrescentam ao mundo, em seu lugar.

E você o que tem feito, sua vida tem sido pautada em que história? Não se deixe conduzir por fenômenos passageiros, busque compreender e entender o ser humano a partir de sua historicidade, pois é nesta, que se esconde o segredo da vida humana!

sábado, 6 de agosto de 2011

Fale e Faça!


Estamos diante de uma cultura que nos tem desafiado diariamente a quebrar os paradigmas antes enraizados em nossa sociedade. Verdades absolutas, a cada dia que se passa, não convencem ou convertem ninguém, o mundo tem oferecido, cada vez mais, estradas diferentes.

Com tantas mudanças algumas coisas estão melhorando, aqui me refiro diretamente a Igreja Católica. Nossas gerações passadas estavam acostumadas a pensar uma coisa e viver outra. Nem chegava ao fim das celebrações eucarísticas que já avistávamos algumas mulheres fofocando, alguns maridos olhando para lugares não muito apropriados. Durante a semana então, nem se fala, um contra testemunho atrás do outro (hoje isso ainda acontece, mas raramente com jovens), não é estranho percebermos que muitos adolescentes não freqüentam mais a Igreja, afinal de contas, qual é a utilidade, para que serve? (Só não me venham dizer que Igreja não serve para nada, que graças a Zeus as igrejas estão se esvaziando. Vai estudar um pouco depois aplique um juízo moral sobre um fenômeno que é natural e histórico).

Nossa sociedade não aceita mais o “salto alto”, aquilo que falamos temos de viver, no tempo do conceito o que vale é o que fazemos e não o que dizemos. Chega de “pregar moral de cueca”, vamos ser realistas, se nos propomos a viver dentro de uma doutrina, acreditamos num Deus que se manifestou na pessoa de Jesus, nos comportemos devidamente e caso não concordemos com algo, busquemos bons argumentos para contra argumentar.

Está na hora de percebemos que o que vale é o peso da consciência, sabe? Aquilo que você faz e não gostaria de ter feito e que depois não deixa você dormir, é a vilã consciência em ação. Esta consciência que foi formada por nossas experiências e conhecimentos que adquirimos no caminhar de nossas vidas, aquilo que colocamos como ético, que temos como verdades, e quando fizemos algo que não estava previamente planejado, a amada consciência grita e aí a gente sofre, porque temos de mudar aquilo que tínhamos colocado como verdades imutáveis para legitimar as atitudes que estamos tendo.

Este movimento acaba revelando uma nova forma de viver, esta deve ser condizente, não adianta falar se não fizer, chega dessa besteira. Fale e faça! Se não puder fazer, não fale, fique quieto, por favor, não estrague a sociedade com bonitas palavras e terríveis ações.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Poema Invictus

Invictus é um pequeno poema do poeta Inglês William Ernest Henley (1849-1903).
Ele foi escrito em 1875 e publicado pela primeira vez em 1888.
Dizem que foi este poema que inspirou Nelson Mandela em sua luta.

(tradução livre anônima)


De dentro da noite que me cobre,
Negra como a cova, de ponta a ponta,
Eu agradeço a quaisquer deuses que sejam,
Pela minha alma inconquistável.

Na cruel garra da situação,
Não estremeci, nem gritei em voz alta.
Sob a pancada do acaso,
Minha cabeça está ensanguentada, mas não curvada.

Além deste lugar de ira e lágrimas
Avulta-se apenas o Horror das sombras.
E apesar da ameaça dos anos,
Encontra-me, e me encontrará destemido.

Não importa quão estreito o portal,
Quão carregada de punições a lista,
Sou o mestre do meu destino:
Sou o capitão da minha alma.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O Absurdo da Vida Humana

Se retirássemos da vida do homem tudo aquilo que representa esperança, o que restaria?

Nossa semana é agitada, repleta de correria, parecendo que sempre estamos atrasados, não é verdade? Mas tudo suportamos em nosso dia a dia, porque sabemos que no final da semana, “ufa”, aparece o fim de semana. Que alegria, sábado e domingo! Fazemos de nossa vida uma rotina monótona, mas agüentamos no “osso”, pois no final do mês temos o salário, as contas para pagar, o vestido novo para comprar, a festa para ir, o empréstimo do banco... Nem se fala do final do ano, que felicidade, férias, praia, sol, décimo terceiro, feliz ano novo, parece que agora sim, estamos vivendo a vida como sempre deveria ser, mas que pena dura muito pouco.

Mas agora, imagine-se sem nenhuma esperança! Sem esperança de receber um salário no final do mês, de entrar em férias, de virar o ano, de ser reconhecimento na empresa, de ter saúde, de ter comida na mesa, de ser felizes, de acreditar em Deus, de ver seu filho crescer, de se apaixonar, de ir para a praia... O que seria de você sem tudo isso?

Vivemos esperando, mas a esperança não é sinal de certeza, mas sim de possibilidades de vir a acontecer. Por causa da esperança, não percebemos que o nosso existir é um absurdo (CAMUS), que não temos o porquê de fazermos o que fazemos. Estamos cercados de palavras que possuem significados vazios, que dependem de todo um contexto (WITGENSTEIN), palavras vãs, palavras que induzem a consciência do homem a uma transcendência que não temos como garantir, a não serem os cristãos, que afirmam: “Minha fé não se engana”!

Quando refletimos sobre a nossa existência percebemos que estamos sustentados pelo nada, pelo vazio, a vida humana pode sim ser um absurdo, ainda mais neste período, onde nossas ações estão diretamente ligadas ao hoje, somos imediatistas, queremos ter experiências radicais, muita adrenalina e etc. Podemos nos desesperar e não agüentar o peso do existir, do ser aí (HEIDEGGER) jogado no mundo.

O mundo está cheio de pessoas com esperança, e esperar, ter expectativa, não é ruim, mas não podemos nos deixar levar pelas crenças e esperanças superficiais oferecidas pelo nosso cotidiano, como a moda, beleza vulgar, estrelismo..., sem antes tomarmos sobre nossos ombros a dor do existir sem nada poder garantir. Antes a consciência do farto que é a vida, depois a humildade para aqueles que desejam, pois “é pela humildade que a esperança se introduz. Porque o absurdo dessa existência assegura-os um pouco mais de realidade sobrenatural” (CAMUS).

Autores indicados para leituras do tema aqui abordado: KAFKA, KIERKEGAARD, CAMUS, HEIDEGGER, entre outros.